Era
uma vez
Um
coelhinho
Que
foi à sua horta
Buscar
couves
Para
fazer um caldinho.
Quando
o coelhinho branco voltou para casa depois de vir da horta, chegou à porta e
achou-a fechada por dentro; bateu e perguntaram-lhe de dentro: “Quem é?”
O
coelhinho respondeu:
Sou
o coelhinho
Que
venho da horta
E
vou fazer um caldinho.
Responderam-lhe
de dentro:
E
eu sou a cabra cabrês
Que
te salto em cima
E
te faço em três.
Foi-se
o coelhinho por aí fora muito triste e encontrou um boi e disse-lhe:
Eu
sou o coelhinho
Que
tinha ido à horta
E
ia para casa
Fazer
o caldinho;
Mas
quando lá cheguei
Encontrei
a cabra cabrês
Que
me salta em cima
E
me faz em três
Responde
o boi: “ Eu não vou lá que tenho medo!”
Foi
o coelhinho andadndo e encontrou um cão e disse-lhe:
Eu
sou o coelhinho
Que
tinha ido à horta
E
ia para casa
Fazer
o caldinho;
Mas
quando lá cheguei
Encontrei
a cabra cabrês
Que
me salta em cima
E
me faz em três
Responde
o cão: “ Eu não vou lá que tenho medo!”. Foi mais adiante o coelhinho e
encontrou o galo, a quem disse também:
Eu
sou o coelhinho
Que
tinha ido à horta
E
ia para casa
Fazer
o caldinho;
Mas
quando lá cheguei
Encontrei
a cabra cabrês
Que
me salta em cima
E
me faz em três
Responde
o galo:”Eu não vou lá que tenho medo!” Foi-se o coelhinho muito mais triste, já
sem esperanças de poder voltar para casa, quando encontrou uma formiga que lhe
perguntou: “Que tens tu coelhinho?”
Eu
vinha da horta
E
ia para casa
Fazer
o caldinho;
Mas
quando lá cheguei
Encontrei
a cabra cabrês
Que
me salta em cima
E
me faz em três
Responde
a formiga: “ Eu vou lá e veremos como isso há-de ser”. Foram os dois e bateram
à porta; diz-lhe a cabra cabrês lá de dentro:
Aqui
ninguém entra
Está
cá a cabra cabrês
Que
lhe salta em cima
E
os faz em três.
Responde
a formiga:
Eu
sou a formiga rabiga,
Que
te tiro as tripas
E
furo a barriga.
Dito
isto, a formiga entrou pelo buraco da fechadura, matou a cabra cabrês, abriu a
porta ao coelhinho, foram fazer o caldinho e ficaram vivendo juntos, o
coelhinho branco e a formiga rabiga.
Fim
Contos
Populares Portugueses,
Adolfo Coelho, Leya,S.A (pág.50-52)
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