Era uma vez um lavrador muito pobre que
não conseguia medrar no seu trabalho. Quanto mais se esforçava e trabalhava , menos
rendia a tarefa ao pobre homem. Vai um dia, desesperado, gritou: — Apareça
quem me ajude mesmo que seja o próprio Diabo!
O Demo respondeu : — Aqui estou eu!
Ajustaram logo o contrato. O Diabo deu-lhe
um belo terreno para cultivar.
O Diabo disse-lhe: — Semeia o que quiseres que tudo
irá nascer.Nascendo em baixo é meu e saindo em cima é teu…
O homem plantou milho, trigo e centeio que
nasceram como um louvar a Deus. Quando a plantação estava na altura de ser
ceifada, veio o Diabo cobrar a sua parte.
O lavrador disse ao Diabo: — Pode levar o
que é seu…-
Foi ver o Diabo o que era dele e só
encontrou raízes sem valor. Ficou furioso e desmanchou o pacto, propondo outro:
O Diabo disse
muito zangado: — Vamos às avessas. O que sair por
cima é meu e o que der por baixo é teu!!!
O homem aceitou. Vendeu o milho, o trigo e
o centeio por bom dinheiro e plantou batatas, cenouras e nabos que era um nunca acabar. No tempo da colheita
voltou o Diabo para vir buscar a sua parte.
O lavrador
disse : — Leve o que está por cima que é o
combinado… Por cima só havia
rama, pois as batatas, as cenouras e os nabos crescem por baixo da terra. O
Diabo desta vez ficou desesperado com o engano. Desmanchou o negócio e propôs
outro.
O Diabo disse: — Faço-te rico
como um conde e, no fim de vinte anos, ganho a tua alma. Está feito?
O lavrador
respondeu: — Está feito, com uma condição;
escrevemos tudo num papel que fica no meu poder e vou-lho dar ao
fim dos vinte anos. Se passar um minuto depois da meia noite e você não tiver o
contrato na mão, estarei livre.
Disse o Diabo:
— Está bem, só aceito se o
papel ficar na minha mão no fim do prazo!
O lavrador
concordou: — Está feito o negócio….
Ficou o homem rico da noite para o dia,
tratando-se do bom e do melhor, fazendo caridades. No fim dos vinte anos, foi
falar com o vigário da paróquia e
pediu-lhe um cântaro cheio de água benta. Dentro do cântaro meteu o
papel e esperou pelo Diabo.
Quando este chegou, o homem foi dizendo: —
O papel está ali, dentro daquele cântaro, bem à vista. É só tirar.
O Diabo meteu a mão para agarrar o papel e
largou um uivo como se tivesse metido a pata nas brasas. Procurou meter a mão
outra vez e gritou com a dor. Por mais que tentasse retirar o contrato, a água benta não o deixava. Depois de muito
esforço, o relógio bateu as doze badaladas. O homem, então, benzeu-se:
— Vai-te para o Inferno, que eu de ti
estou livre!
O Diabo estourou como um foguete e foi
para o Inferno. O homem continuou rico e feliz, morrendo quando Deus o
permitiu.
FIM
Sem comentários:
Enviar um comentário