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Gosto de partilhar os meus conhecimentos com as pessoas, gosto de ter amigos, gosto de estar bem disposta, gosto de estar com a minha família, gosto muito da minha filha Rita

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

OS SAPATINHOS ENCANTADOS


Era uma vez uma mulher muito bonita, que se chamava Cristina, tinha uma  estalagem onde dormiam todosos viajantes que por ali passavam. Ela tinha uma enteada, chamada Alice,  que era muito mais bonita do que ela. Mas a madrasta  tinha-a fechada  num quarto,  para que ninguém a pudesse ver .
A todos os almocreves que lá iam, ela perguntava se já tinham visto uma mulher mais bonita do que ela.  Disse-lhe um dia um almocreve: - “Ainda agora ali vi uma mulher mais bonita a uma janela a pentear-se.”
Ela disse, muito aborrecida: -“Ai! Era a minha enteada Alice! pois vou mandar matá-la!”
Se bem o disse melhor o fez. Mandou dois criados levar  Alice a um monte e que a matassem ali mesmo.
Alice, quando percebeu o que lhe ia acontecer, pediu-lhes que não a matassem,  que a deixassem ali, pois ela prometia que nunca mais voltaria para casa. Os criados tiveram dó dela e deixaram-na no monte.
Quando eles se foram embora, ela começou a descer o monte, foi andando, andando até que chegou a um campo com muitas papoilas e malmequeres e onde havia uma casa. Quando ali chegou já era quase noite.  Entrou, para pedir que a a acolhessem, mas não achou ninguém dentro de casa. Foi à cozinha  onde havia batatas, cebolas, tomates, chouriço e azeite. Como já tinha fome,  fez uma sopa de tomate, e assim que a acabou de fazer, ouviu vozes lá fora e por isso escondeu-se.
Eram  cinco homens muito altos, fortes e muito feios, que era ladrões e que vinham da cidade onde tinham acabado de fazer um roubo. Quando entraram, cheirou-lhes muito bem a sopa de tomate,  foram à cozinha e viram a ceia feita.  Começaram a dizer uns para os outros: “Ai! Quem nos dera saber quem é que fez a ceia. Se por aí está alguém, apareça.” 
Alice saiu do sítio onde estava escondida e apareceu-lhes. Ela, coitadinha, com muito medo,  contou-lhes a sua sorte , e eles disseram-lhe: -“Agora não te aflijas; ficas aqui connosco e vamos começar a dizer que tu és nossa irmã.”  Daí por diante, os ladrões lá iam para os seus roubos e ela ficava sempre em casa, a limpar, a costurar, a fazer a comida; eles estimavam-na muito e tratavam-na muito bem. 
Ia uma mulher à estalagem da mãe de Alice que andava sempre a fazer recados de terra em terra e a mãe de Alice perguntou-lhe: “Você, que anda por tantas terras, diga-me lá,  já viu uma cara mais linda do que a minha?!” 
E a mulher respondeu-lhe: “-Vi, vi uma rapariga que ainda era mais linda que você, numa casa que fica no campo, em tal banda.”
Cristina percebeu logo que era a enteada. Então disse à mulher: - “Você quando vai para lá? Quero que lhe leve uns sapatos.”  E deu uns sapatos à mulher e disse-lhe ainda:- “Leve-lhos e diga-lhe que é a mãe que lhos manda; mas ela que os calce antes de você de lá sair; eu quero saber ao certo que ela os calça; olhe que eu vou pagar-lhe bem.» 
A mulher levou os sapatos à enteada; chegou lá e disse-lhe: -“Aqui tem esses sapatos que lhe manda a sua mãe!”
Alice respondeu-lhe que não queria sapatos nenhuns; que os irmãos lhe davam todos os sapatos que ela quisesse e disse à mulher: “Leve-os, não os quero!!” 
A mulher ateimou tanto com ela que ela pegou neles; calçou um, fechou-se um olho; calçou outro, fechou-se-lhe o outro olho e ela caiu no chão como morta. A mulher fugiu dali, muito assustada.
Quando  os ladrões vieram para casa, viram-na caída no chão e choraram muito ao pé dela, lastimaram muito a morte dela e depois disseram: “Esta cara não há-de ir para debaixo da terra; levemo-la num caixão à serra  que vai  lá o filho do rei à caça para ele ver esta flor.» 
Depois levaram-na a esse sítio; veio o filho do rei à caça e viu-a. Achou Alice a rapariga mais bonita que vira na sua vida, então tirou-lhe um sapato e ela abriu um olho, tirou-lhe outro, e Alice abriu outro olho e ficou viva.

Ele ficou muito contente, por ela estar viva, levou-a para casa e casou com ela. Em todo o país se dizia que o princípe tinha casado com a rapariga mais linda do mundo. Ela era boa para toda a gente. E foram felizes para sempre
https://pt.wikisource.org/wiki/Contos_Populares_Portuguezes/Os_sapatinhos_encantados    Adolfo Coelho

3 comentários:

  1. Boa tarde, sabe me dizer o autor desse conto? Muito obrigada :)

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  2. https://pt.wikisource.org/wiki/Contos_Populares_Portuguezes/Os_sapatinhos_encantados
    raramente publico um conto sem o seu autor e o site de onde ele foi tirado, contudo desta vez esqueci-me O autor é Adolfo Coelho. Se quiser partilhar contos tradicionais comigo tenho muito gosto zubaleiro@gmail.com

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  3. Boa tarde,

    Alguém tem conhecimento da origem e localização deste conto?

    Obrigada, boas leituras

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