Acerca de mim

Gosto de partilhar os meus conhecimentos com as pessoas, gosto de ter amigos, gosto de estar bem disposta, gosto de estar com a minha família, gosto muito da minha filha Rita

terça-feira, 11 de março de 2014

A GATA BORRALHEIRA

Há muito tempo, numa cidade longínqua, vivia um casal que só tinha uma filha muito bonita e muito boa. 
Num inverno rigoroso a mãe morreu e, desde aquele dia, a vida da menina tornou-se muito triste; além disso, estava quase sempre sozinha, pois o pai era um comerciante rico, que estava muitas vezes ausente em viagem por países distantes.
- Sei que estás muito desolada e triste, mas não te preocupes, porque em breve vais ter quem te console e acompanhe - disse-lhe um dia o pai.
Com efeito, o comerciante casou de novo, mas agora com uma viúva muito antipática que já tinha duas filhas muito feias e com um coração tão mau como o da mãe.
Aquela mulher sentiu logo uma grande inveja, porque as suas meninas não eram nem tão bonitas nem tão boas e prendadas como a enteada, e por isso as três costumavam maltratá-la, aproveitando o facto de o pai estar ausente.
A menina fazia toda a lida da casa, cozinhava, limpava o chão, arrumava os quartos, era uma criada das irmãs e da madrasta.
- Porque é que tens tanta cinza no vestido? Estás tão suja! Vamos chamar-te Gata Borralheira, que é um nome que te assenta muito bem! - disseram-lhe uma tarde as três, rindo-se muito. 
Um dia, o pregoeiro do Rei anunciou que o Príncipe completava dezoito anos e que o Rei, para o celebrar, convidava para um baile no Palácio todas as filhas solteiras das famílias nobres e ricas.
A madrasta chamou a Gata Borralheira e disse-lhe: - Vais engomar os vestidos das minhas filhas e limpar-lhe os sapatos, mas tu não vais a esse baile! 
Quando a madrasta e as filhas saíram para o Palácio, a Gata Borralheira sentou-se num canto da lareira e começou a chorar amargamente. Era ela quem tinha de fazer todos os trabalhos da casa, obrigavam-na a dormir junto da lareira e agora nem ao baile a deixaram ir.
De repente, uma luz azul encheu a cozinha e a Gata Borralheira viu uma mulher lindíssima e resplandecente.
- Eu sou a tua Fada Madrinha e venho consolar-te, porque tens continuado a ser boa apesar dos sofrimentos. Pede-me o que quiseres, que eu dou-te tudo o que pedires.
A Gata Borralheira pensava que estava a sonhar. A Fada, que sabia tudo, perguntou: - Gostavas de ir ao baile do Palácio?
- Sim, sim...isso é o que eu mais desejo neste mundo! -respondeu a jovem.
Então a Fada Madrinha mandou-a trazer do jardim uma grande cabaça, seis ratos, uma rata e seis lagartixas, que se deixaram apanhar porque tinha sido a Fada a mandar. 
Depois transformou tudo com a sua varinha mágica: a cabaça converteu-se na carruagem mais luxuosa jamais vista; os ratos, em seis cavalos brancos; a rata, num cocheiro todo empertigado e as lagartixas em seis criados com uniformes muito vistosos. A Fada tocou depois com a varinha no vestido sujo da Gata Borralheira e ela ficou vestida com um lindo vestido comprido, mais maravilhoso do que uma costureira poderia alguma vez fazer. Por último, a varinha pousou nas suas pobres sandálias, que se tornaram em dois sapatinhos de cristal de rara beleza.
- Toma atenção, à meia-noite em ponto o feitiço terminará e tudo voltará a ser como antes - disse-lhe a Fada ao despedir-se dela. 
Quando a Gata Borralheira chegou ao palácio, ninguém a viu chegar pois todos estavam no salão de baile, onde decorria o baile muito animado. A música ouvia-se nos jardins. Ela entrou no salão de baile e todos a admiraram pensando que era uma Princesa. O Príncipe ficou maravilhado com aquela linda menina, ficou logo  apaixonado econvidou-a para dançar.
Ao vê-los juntos o rei comentou: -Nunca vi uma jovem tão elegante e tão bonita. Espero que o meu filho se dê conta disso!! Deve ser filha de um rei.
O Príncipe não deixou de dançar com ela um só momento. Mas as horas felizes passam muito depressa e as badaladas do relógio do Palácio despertaram a Gata Borralheira daquele sonho maravilhoso: estava a bater a meia-noite! Deixou o Príncipe e correu pelas escadas, tão depressa que perdeu um sapato na escadaria. Quando soou a última badalada o feitiço desapareceu. O Príncipe correu atrás dela, mas só viu uma jovem pobremente vestida a afastar-se. Foi então que encontrou o sapato e guardou-o perto do coração.
-A dona deste sapato de cristal é também a dona do meu coração! -disse o Príncipe ao pai.
- Quero que procurem essa jovem por todo o reino! -ordenou o Rei. 
Os emissários reais foram experimentando o sapato a todas as donzelas. E, quando chegou a vez das meias-irmãs da Gata Borralheira, elas fizeram esforços enormes para poderem meter nele os seus grandes pés, mas tudo foi inútil. A Gata Borralheira vestida com roupas todas rotas e sujas,  assistia à cena muito calada e triste.
- Agora gostava eu de o experimentar! -pediu a Gata Borralheira.
- Tu não vais experimentar NADA! -gritou-lhe a madastra com desprezo.
- Claro que o vai experimentar, minha senhora -exclamou o emissário real - O Rei ordenou que todas as jovens deste país o experimentassem, e todas significa todas!!!
O pé da Gata Borralheira entrou perfeitamente no sapato de cristal, que parecia feito à sua medida. A madastra e as filhas choraram de desespero. Os criados do Rei foram dizer ao Principe que tinham encontrado a dona do sapato de cristal. Este ficou muito contente e pouco tempo depois a Gata Borralheira e o Príncipe casaram. Nunca houve um casamento tão magnífico! E os apaixonados viveram felizes, durante muitos e muitos anos.


FIM

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